Rústico, cru, mas sempre com frases inspiradas de guitarra/violão, o som da banda se escorava numa cozinha pesada em que interagiam o baixo frontal de Ritchie e as batidas eficientes de DeLorenzo. A mistura de folk tradicional (especialmente pelo uso ostensivo de instrumentos acústicos) com a pauleira das levadas frenéticas criou alguma coisa que poderia ser definido como country punk. E, além dos instrumentos originais de cada um dos integrantes, Gordon e Brian também se arriscavam com sucesso por incursões pelo violino ("Good Feeling") e pelo xilofone ("Gone Daddy Gone"), respectivamente.
Já as músicas escritas por Gano formavam um capítulo à parte: com uma revolta latente expressa nas letras, elas ressaltavam este conteúdo por meio de arranjos predominantemente acústicos, em pérolas como a abertura com "Blister In The Sun", "To The Kill" (um perfeito espelho da violência do cotidiano) e “Add it Up”(esta última por sinal,um hino à inquietação juvenil).Tudo isso sapecado por vocais que lembravam o Lou Reed da fase Transformer (disco de 1972).
Os discos posteriores comprovaram a criatividade do grupo, apesar de não contar com a mesma energia bruta. Com projetos mais sofisticados, os VF trabalharam com o ex-Talldng Heads Jerry Harrison (em The Blind Leading The Naked, de 1986), com o produtor/tecladista Michael Beihom - no disco Why Do The Birds Sing? (1991). em que regravaram "Do You Really Want To Hurt Me?", hit do Culture Club - e desde o CD New Times (1994), substituíram DeLorenzo pelo baterista Guv Hoffman (ex-BoDeans). As "fêmeas" nunca mais chegaram a ser tão violentas quanto em sua estréia.
Publicado na extinta revista Bizz edição 170,setembro de 1999,por Celso Pucci

Violent Femmes